A síndrome de Burnout é um dos grandes desafios enfrentados pelas empresas atualmente. Caracterizada por esgotamento físico, psicológico, estresse extremo e exaustão, essa condição pode ser desencadeada pelo excesso e descontentamento no ambiente de trabalho. Os impactos são profundos, resultando em baixa produtividade, ansiedade, depressão e a motivação significativamente reduzida entre os profissionais, comprometendo o bom funcionamento das organizações.
À medida que os sintomas de Burnout se intensificam, o colaborador pode se sentir extremamente fatigado, e, nos casos mais graves, vivenciar crises de pânico, especialmente ao se aproximar do horário de expediente. Durante essas crises, são comuns sensações de falta de ar, coração acelerado, medo intenso, pensamentos negativos e pessimistas, vontade de chorar e uma sensação esmagadora de desespero, o que contribui para diminuição do senso de comprometimento proposto no ato da admissão do colaborador, tornando difícil a relação com a empresa. Mas há formas de mediar e favorecer tanto a empresa quanto seus colaboradores quando há conflitos diretos que comprometem o bem estar físico e psicológico das pessoas quando falamos de processos e necessidades que precisam ser cumpridas para que uma boa empresa seja consolidada e humanizada sem perder o seu propósito organizacional.
Competitividade no trabalho
Claro que uma dose equilibrada de competitividade gerenciada por um bom líder, é saudável para motivar a equipe. Mesmo que cada pessoa tenha a sua própria trajetória profissional, de acordo com suas experiências no mercado, maturidade profissional e formação acadêmica, isso não é algo que impede a boa convivência e cooperação entre a equipe.
Muitas vezes, os profissionais se sentem pressionados a realizar um grande número de tarefas em um curto período, ultrapassando seus limites. Isso cria um ambiente de trabalho com baixo nível de cooperação e alto índice de individualidade, podendo surgir rivalidades que colaboram para o adoecimento da equipe. Dessa forma, há grande importância em ter líderes preparados para equilibrar as demandas decorrentes das adversidades esperadas no dia a dia, fortalecendo a competitividade enquanto motivação para alcançar objetivos de forma saudável.
Sintomas da síndrome de Burnout
Os primeiros sinais da síndrome de Burnout podem ser sutis e facilmente ignorados, o que contribui para sua progressão. Pequenos desconfortos podem se tornar insuportáveis ao longo do tempo, e a capacidade de lidar com o estresse diminui significativamente. O profissional pode ser tomado pelo sentimento de frustração e o seu desempenho pode cair por acreditar que o seu esforço não tem validade. Dessa forma, crenças como “não sou capaz”, “não vou conseguir”, “meu esforço não vai adiantar”, “meu colega sempre será melhor do que eu” podem surgir e o colaborador gasta suas energias com pensamentos de autodepreciação, ficando, portanto, esgotado, não conseguindo entregar os resultados desejados e se tornando cada vez mais infeliz na profissão.
Como tratar a síndrome de Burnout
O excesso de pensamentos negativos pode levar o colaborador a não buscar ajuda, ou até mesmo a considerar a demissão como única solução. Contudo, não precisa ser assim. Psicólogos e psiquiatras são muito bem-vindos nessa hora e são devidamente preparados para acolher e buscar estratégias específicas para cada caso de forma em que a pessoa possa encontrar formas de lidar bem com o seu trabalho e melhorar o desempenho das suas atividades. A identificação precoce dos sintomas é muito importante, e o bom psicólogo irá, através da psicoterapia, reverter o quadro, seja ele leve ou severo.
Se necessário, um psiquiatra deve ser acionado para que o tratamento medicamentoso com antidepressivos ou ansiolíticos, ajude a alcançar os resultados de forma mais rápida e mais eficaz. Além disso, não podemos deixar de fora a prática de exercícios físicos e boas noites de sono, para que a pessoa tenha o descanso necessário e cuidados básicos com o próprio corpo, além de uma alimentação que atenda às necessidades físicas essenciais. Praticar mais momentos de lazer é outra forma de trazer sensações de prazer para o indivíduo, por isso, é importante buscar fazer coisas que gosta e que muitas vezes são negligenciadas com a justificativa de que não há tempo suficiente, mas lembre-se, o tempo que for possível já será muito positivo e o gerenciamento do tempo pode ser cultivado a medida em que a pessoa se organiza internamente.
Estar próximo a família e amigos também ajuda bastante, pois é um momento de troca de carinho e cuidado, que levam a sensação de ser amado, ter apoio, distração e boas risadas. Essas práticas favorecem a sensação de leveza física e emocional e ajudam a equilibrar momentos de estresse que são inevitáveis em vários momentos do dia. Com o tratamento adequado, a pessoa se torna mais tolerante e consciente daquilo que a torna forte e orienta o indivíduo como lidar com as limitações e dificuldades naturais que são melhores compreendidas no processo de autoconhecimento. A mudança nos hábitos de vida é essencial no tratamento de qualquer fragilidade psicológica, inclusive deve ser adotada como uma medida preventiva do transtorno de ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
Como as empresas podem apoiar seus colaboradores?
Para as empresas, a alta rotatividade de funcionários não é interessante, pois gera custos elevados com demissões, contratações e treinamentos contínuos. Nesse contexto, a identificação da origem do problema e a elaboração de alternativas que favorecem a mediação na relação entre colaborador e empresa se torna imprescindível. Apenas porque um colaborador apresenta baixa produtividade em determinado momento, não significa que a situação seja irreversível, por isso, o acolhimento e a empatia precisam estar presentes nesses momentos. Sentir-se acolhido e compreendido pode gerar um senso de segurança e gratidão, incentivando o colaborador a recuperar seu ritmo de trabalho e mudar a forma de enxergar suas atividades de trabalho. É importante que a empresa dê espaço para que o colaborador compartilhe os pensamentos e crenças acerca das atividades exercidas e o seu papel na instituição, pois muitas vezes o fato de externalizar aquilo que está no campo do pensamento ajuda e esclarecer ideias e evitar distorções que podem surgir quando nos sentimos sozinhos, além disso, a empresa terá a oportunidade de alinhar expectativas alcançáveis e realistas.
A negociação é fundamental para definir metas e ajustar o ritmo de trabalho. Um bom gestor precisa ser sensível às mudanças e oscilações naturais de desempenho e se aproximar do colaborador sem julgamentos quando perceber que o colaborador está enfrentando dificuldades para executar as suas tarefas, buscando entender as causas do desânimo e cansaço apresentados naquele momento e propor soluções que ajude a pessoa a se reerguer.
Investir em saúde mental não apenas melhora a qualidade de vida dos colaboradores, mas também fortalece a empresa como um todo, criando um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e direcionado ao crescimento profissional. E já que o trabalho é tão importante para a construção da sociedade como um todo, a melhor forma de fazer isso é compreendendo e enfrentando as dificuldades juntos, de forma colaborativa e com empatia.