Atualmente o aprendizado nas empresas está ganhando um foco cada dia maior nas pessoas alvo das ações de educação corporativa. A Heutagogia é um desses modelos que coloca o aluno no centro da própria aprendizagem e vem ganhando cada vez mais espaço no mercado.
Mas o que é heutagogia e como esse conceito pode ajudar empresas a melhorar suas ações voltadas para a educação corporativa? Nesse artigo, você confere tudo sobre o modelo que coloca seus colaboradores como protagonistas da própria aprendizagem.
Por isso, se você quer ficar por dentro de tudo sobre o assunto, leia o artigo até o final.
Vamos lá?
O que é Heutagogia?
Em resumo, heutagogia é um termo que vem do grego e une as palavras heutos (auto) e agogus (guiar). Ou seja, a heutagogia nada mais é do que um método de aprendizagem autoguiada, onde o próprio aluno guia seu processo de aprendizagem.
Nos últimos anos, tem crescido a demanda por ações e metodologias que ajudem alunos a protagonizar a própria aprendizagem. Com esse nível de autonomia em mãos, o aluno é capaz de obter resultados acima do esperado, além de benefícios como maior retenção de conhecimentos.
A heutagogia foi apresentada em 2000, por Chris Kenyon e Stewart Hase, por meio do artigo “Da andragogia a heutagogia”. O objetivo de Kenyon e Hase foi apresentar um novo modelo em relação a andragogia, e que colocava o aluno como chave da aprendizagem.
Dentre as principais bases da heutagogia estão o autodidatismo, a auto-organização e a autodisciplina. Dessa forma, a heutagogia também propõe uma ressignificação da figura do professor, que passa de “fonte de conhecimento” a intermediador das formas de aprendizagem.
O cenário proposto por Kenyon e Hase viria a ser muito mais evidente durante a pandemia, período no qual a demanda pelo EAD cresceu. Com o acesso a salas de aula presenciais restrito e o crescimento dos processos online, a autonomia de aprendizagem ficou em posição de destaque.
Nas empresas, esse modelo possibilita que treinamentos corporativos tenham maior êxito em engajamento e adesão do time de colaboradores. Em suma, quando a autonomia faz parte do processo, a aprendizagem garante resultados mais positivos.
Por fim, a heutagogia garante um foco maior no processo de aprendizagem em relação ao conteúdo, o que faz com que o aluno se identifique mais com a proposta de aprendizado. Dessa forma, ao trazer o processo para a realidade aluno, ela fica menos enviesada pela visão do professor.
Heutagogia x Andragogia
Agora que vimos o que é heutagogia e qual a sua proposta para os processos de aprendizagem, restam algumas dúvidas sobre o assunto. Entre essas dúvidas está: qual a diferença entre a heutagogia e a andragogia?
Assim como a pedagogia abrange o ensino de crianças e adolescentes, a andragogia tem o mesmo objetivo, só que no ensino de adultos. Já a heutagogia, por sua vez, se baseia no aprendizado de forma autônoma e sem um limite de idade como acontece nos outros dois casos.
Além disso, outro ponto que difere a andragogia da heutagogia é o papel do professor durante o caminho de aprendizagem. Enquanto na andragogia o professor é quem conduz o processo, na heutagogia quem assume a direção é o aluno.
Heutagogia: qual o papel das organizações?
Conforme vimos, a heutagogia garante aprendizagem voltada para a existência e realidade do próprio aluno, colocando-o no centro da própria aprendizagem. No contexto corporativo, a heutagogia pode ser inclusive a fomentadora de comportamentos, como o intraempreendedorismo.
Mas qual o real papel das organizações na relação entre educação corporativa e heutagogia? Uma vez que quem conduz o processo de aprendizagem é o colaborador, existem boas práticas nas empresas que podem ajudar nesse caminho.
Foque na autonomia
Cultivar uma cultura voltada para autonomia no ambiente de trabalho reflete em outras frentes da empresa, como é o caso das ações de educação corporativa. A heutagogia se baseia na autonomia e, uma vez que isso faça parte da cultura organizacional, o processo de aprendizagem também pode se beneficiar disso.
Mas lembre-se: criar autonomia não se trata de colocar o colaborador em situações sem uma base razoável de direções. Mesmo no caso da heutagogia, ainda há um contrato de aprendizagem entre aprendizes e professores baseado em um caminho comum de aprendizado.
Disponibilize as ferramentas necessárias
Por mais que o processo de aprendizagem tenha um caráter autônomo, ainda é papel da organização prover a estrutura necessária em treinamentos e especializações. Por isso, certifique-se de que o seu colaborador tem acesso ao que é necessário para que ele construa o próprio caminho de aprendizagem.
Dessa forma, você garante o desenvolvimento contínuo do colaborador sem interrupções e da melhor forma possível. A tomada de decisão no caminho de aprendizagem se torna muito melhor quando o colaborador conhece a estrutura e as possibilidades que estão disponíveis para ele.
Incentive a aprendizagem continuada
Até mesmo as empresas também são capazes de aprender, e incentivar esse processo na organização contribui para o sucesso do ensino heutagógico. A aprendizagem é um processo para a vida toda, e essa mentalidade complementa ainda mais a ideia por trás da heutagogia.
O aprendizado autônomo também compartilha da ideia de aprendizagem continuada, uma vez que ambos partem da iniciativa do aluno. Por isso, criar um ambiente no qual novos aprendizados são incentivados e constantemente desenvolvidos é meio caminho andado rumo a um ensino heutagógico de sucesso.
Conclusão
A heutagogia pode ser extremamente benéfica para a construção de aprendizados que consideram diferentes realidades e que colocam pessoas (e não o conteúdo) no centro da aprendizagem. Além disso, as empresas também podem se beneficiar desse processo, que constrói autonomia, aprendizado e uma cultura voltada a aprendizagem.
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